A Culpa
SINOPSE OFICIAL: A acção passa-se no período imediatamente anterior ao 25 de Abril de 1974.
Mário é um soldado português que regressa da Guiné, trazendo consigo um certo sentimento de culpa na morte de um
colega e de um eventual guerrilheiro dos movimentos de independência.
Por outro lado, na sua vila natal, Mário também já se sentira, até certo ponto, responsável, pela morte de um amigo
e camarada, chefe de um grupo político clandestino vítima de uma rusga da PIDE: Mário comprometera-se a alertar os
companheiros e, por motivos vários, até de ordem sentimental e privada, não desempenhou essa missão.
Tudo isto provoca que se gere contra ele, numa pequena terra do norte, um profundo sentimento de hostilidade, no qual se
incluem as várias camadas sociais da população, desde o deputado ao pequeno “gigolo” provinciano, às pessoas ligadas ao
movimento político, ao próprio agente da PIDE que via a sua “carreira” prejudicada pela indesejada repercussão desse
incidente que Mário talvez pudesse ter evitado.
Na realidade, sob o pretexto de punirem um homem lenta e implacavelmente transformado em proscrito, as pessoas da
terra descarregam sobre ele as responsabilidades ou as culpas que, no fundo, pertencem a todos, relativamente a uma sociedade marcada pelos estigmas da guerra colonial.
Isolado por tudo e por todos, Mário acaba por se transformar, aos olhos do povo, numa figura vulgarmente definida como
lobisomem e termina vitimado por um ódio que encontra nessa superstição popular o seu melhor alibi.