O Rico, o Camelo e o Reino ou O Princípio da Sabedoria
Numa aldeia longínqua, onde nunca nada acontece, Lídia, a viúva de um oficial de cavalaria, dedica o seu tempo ao espiritismo.
Como a sua casa se tornou demasiado pequena para as sessões de espiritismo que ali organiza, aborda a madrinha, proprietária da Casa Grande (uma vasta mansão que dizem assombrada), na intenção de a alugar.
A madrinha comunica-lhe que acabou de vender a casa a um arquitecto de Lisboa, muito rico, que quer retirar-se na aldeia, para descansar.
No entanto, Lídia não desiste da ideia de ficar ao menos com uma parte da casa e vai falar com o arquitecto. Este, hipocondríaco e pouco sociável, recusa a proposta, afirmando que não quer contactos com ninguém. Na manhã seguinte, o jardineiro comunica ao arquitecto que encontrou uma mão humana, recentemente cortada, enterrada nos jardins da mansão. O arquitecto, contrariado, reúne o pessoal doméstico e obriga-os a jurar nada contar seja a quem for, sobretudo à polícia, pois não quer ser incomodado. Todavia, pensando que o proprietário da mão possa estar vivo e precisar dela, faz afixar um aviso nos portões do jardim: “Alguém perdeu algo de muito importante neste jardim. O objecto será entregue a quem provar ser seu proprietário”.
Para seu grande espanto, muitas pessoas começam a aparecer dizendo ter perdido ali coisas: mães que tinham perdido os filhos, esposas que tinham perdido os maridos, donzelas que tinham perdido a honra, monges que tinham perdido a fé, casais que tinham perdido a roupa e mesmo beduínos que tinham perdido os camelos...
O desejo de tranquilidade do arquitecto hipocondríaco é fortemente abalado por toda esta agitação, mas, pouco a pouco, o contacto diário ao qual se vê forçado por causa das pessoas que fazem fila para reclamar os objectos mais inverosímeis acaba por o fazer mudar a visão que tem da humanidade.
Até ao dia em que, finalmente, encontra o proprietário da mão e percebe a razão de todos aqueles acontecimentos que tanto o surpreenderam.
(sinopse adaptada da que foi publicada em francês e inglês num pressbook editado pelo Instituto Português de Cinema)