Sempre

SINOPSES OFICIAIS: EPISÓDIO 1 - Canção de Embalar Manuel, 19 anos, estagiário do Rádio Clube Português, está a levar um sermão moralista de um velho editor claramente afecto ao regime. Nessa noite, desmoralizado, assiste a um telefonema da sua mãe com o seu pai, militar colocado em Santarém: “Vai acontecer algo. Não saiam de casa amanhã. Diz aos miúdos que os amo”. Manuel espera que a mãe e o irmão de oito anos adormeçam e começa a treinar o take de reportagem perfeito. Ele sabe que o sonho está à mão de semear. Precisa de ir para a rádio buscar os apetrechos que o seu estatuto ainda não lhe permite obter: um gravador, bobine e um microfone. Quando está finalmente pronto para partir em busca de histórias, pelas três e pouco da manhã, um grupo de oficiais toma controlo do RCP. Manuel está agora momentaneamente sequestrado pelos homens que vêm trazer a liberdade. Utilizará uma manobra de diversão e o comunicado lido por Joaquim Furtado perto das sete da manhã para finalmente se escapulir, ao encontro da História e do take perfeito. Que na verdade só conseguirá fazer no dia seguinte, ao regressar a casa para uma mãe arreliada e um irmão curioso. O único público da sua reportagem sobre o dia 25 de Abril. EPISÓDIO 2 - Lembra-me um Sonho Lindo Posicionados como atiradores-furtivos no início do cerco ao Quartel do Carmo, um soldado branco e outro negro são surpreendidos por uma velhota que, desde a varanda do segundo andar, convida “o menino” a vir cá acima, “que tenho chá e bolinhos”. Francisco percebe de imediato que o convite é para João, um rapaz de Braga pouco dado a reflexões profundas. Enquanto, dois andares acima, Eulália vai suave mas persistentemente fazendo a cabeça de João contra os devaneios revolucionários, louvando as conquistas de Salazar e temendo o que será deste ‘grande país’ nas mãos ‘deles’ (apontando para Francisco, lá em baixo), a sua neta hippie (Teresa), vai interessar-se progressivamente pelo corajoso soldado negro, que tem a arma carregada... e a alma também. EPISÓDIO 3 - Inquietação Armínio é um GNR de 30 anos colocado no Quartel do Carmo. Na noite de 24 para 25 recebe um telegrama com a notícia de que o seu irmão morreu em combate na Guiné. Pede ao superior que o dispense para poder ir ter com a família e tratar do funeral do irmão. Este recusa categoricamente porque há uma missão a cumprir. Ao longo de um confinamento cada vez mais angustiado e claustrofóbico, Armínio percebe a inutilidade de tudo aquilo, a desonra da sua própria função e decide juntar-se aos homens que – lá fora – vestem a mesma farda do irmão morto. O ambiente entre o caótico e o anedótico do Quartel do Carmo – onde se almoçou como se nada fosse, ao mesmo tempo que a força de Salgueiro Maia tomava o Largo do Carmo – só motivam, cada vez mais, o desesperado Armínio. Mas como é que um GNR pode abandonar o posto num dia nevrálgico, perante um superior hierárquico obstinado e um cerco absoluto? EPISÓDIO 4 - A Morte Saiu à Rua Catarina é uma mulher de 33 anos, no fim da gestação, militante activa do PCTP-MRPP, cujo companheiro definha em Caxias, completamente absorto para o facto de estar prestes a ser pai. Posta de parte nas acções do partido nos últimos meses, devido à gravidez avançada, Catarina esconde esse facto de Emanuel por temer não voltar a vê-lo - e deseja ardentemente provar que pode e deve continuar a ser uma operacional útil. No dia 25 de Abril, ao tornar-se claro que a PIDE continua a resistir, ela enfrenta uma escolha: ou seguir o conselho amigo e prudente de aguardar sossegada, protegendo-se a si e à criança, esperando assim o curso natural das coisas e a libertação dos presos políticos... ou pegar em armas e dirigir-se à António Maria Cardoso. EPISÓDIO 5 - Trova do Vento que Passa César é um cantautor no exílio parisiense e um dos mais celebrados pela oposição. Os estudantes sabem de cor as suas cantigas de intervenção e ele, apesar da companheira de longa data discordar, acha que tem de arranjar maneira de voltar ao país e dar o corpo às balas, se for preciso. Os ecos do falhado Levantamento das Caldas fazem-no decidir por uma perigosa viagem de volta a casa, que empreende na companhia da nervosa Maria. Chega na véspera do 25 de Abril e perde-se de imediato de amores por São José, membro da LUAR, uma verdadeira amazona (em contraste absoluto com Maria) que os ajuda a escapar de uma perseguição por PIDEs. César deixa a companheira e atira-se de cabeça: durante 24 horas ele e São José são o país, a revolução e o mundo, enfim, virado do avesso. Distribuem cravos, atiram pedras aos Ministérios, insultam o oficial que manda atirar sobre Salgueiro Maia no Terreiro do Paço, fazem amor na rua. No dia 26 de Abril, ele conhece os outros amantes de São José. EPISÓDIO 6 - A Madrugada que Eu Esperava Teotónio, estudante de Direito, foi dos primeiros a chegar à António Maria Cardoso, onde a PIDE-DGS levanta barricadas e decide resistir. Os tiros disparados pela hora de almoço não assustam Teotónio nem Rodolfo, seu amigo e colega de faculdade. Na verdade, até acabam por atrair mais pessoas. E cedo a sede da polícia política estará cercada por uma multidão. Pelas 21h, já o regime caiu, mas a PIDE desesperada não. Abrem fogo provocando pânico e chacina: quatro pessoas morrem, 45 são feridas. Uma delas Catarina, a grávida, que Rodolfo ajuda a levantar. Teotónio reconhece um indivíduo que consegue fugir da sede no meio da confusão. Rodolfo ajuda o amigo a evitar que este agente da PIDE seja linchado pelos populares. Acabam por invadir a casa de Marília, que nem imagina que terá uma noite inteira de suspense pela frente. Teotónio reconhece Cabral como um dos agentes que atiraram a matar, cerca de um ano antes, sobre estudantes antirregime secretamente reunidos. Sabe ainda que ele foi um dos responsáveis por, nos dias seguintes, a PIDE ter impedido o funeral condigno de um colega assassinado. Rodolfo hesita. Teotónio quer vingança. Cabral implora, alega que se limitou a seguir ordens. Marília segue os desenvolvimentos fora daquelas quatro paredes através da rádio, enquanto faz um curativo ao agente Cabral. Rompe o dia 26. Rodolfo desistiu. Marília adormeceu. Teotónio tem de escolher: ou se transforma no monstro que odeia ou deixa-o ir, e com ele a raiva e o ódio acumulados. 50 anos depois hão de cruzar-se uma última vez.

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