Daqui p’ra Alegria
SINOPSE OFICIAL: Três raparigas dos subúrbios de Lisboa, Bruna, Marta e Sara, divertem-se. Descobriram que as pessoas, em geral, gostam de dar a quem é novo, lindo, e bem disposto, e aproveitam-se sem vergonha. E sem grandes danos para nenhum dos lados, até à data. O mundo mete medo, e está a desmoronar-se, mas a vida sabe-lhes bem.
Francisco, vizinho delas, desistiu da vida. Abandonou mulher e filho para refugiar-se longe deles, que o podem magoar, morrendo. Tem vergonha disto, e não olha para ninguém, nunca. (Talvez seja isto que, entre as mulheres do bairro, o fez ganhar a fama de poder dizer, apenas olhando para um casal, quanto tempo é que vai ficar junto.)
A notícia repentina da morte da mulher, tão amada, abala a rotina de Francisco. O transtorno torna-o permeável e, pela primeira vez em muitos anos, o seu olhar encontra de facto o de outra pessoa. Os olhos de riso de Bruna.
Bruna vê-o e aproxima-se. Esta proximidade, esta curiosidade da rapariga pelo solitário provocam nele uma tomada da consciência que acaba por trazê-lo de volta, primeiro aos outros, e depois ao filho.
Não era bem isto que Bruna queria.
Bruna queria-o a ele, para si. Só que Francisco não a vê, recebe a dádiva, e vai-se embora.
Francisco fica sem medo.
Bruna fica sem nada.