Desassossego
SINOPSE OFICIAL: Construído como um tríptico quis com este filme contar três histórias urbanas que tivessem como pretexto a casa.
A casa como património, objecto de consumo e lucro no microcosmo de uma agência imobiliária. A pressão do trabalho, o tempo frenético e quase sem fôlego, as relações de poder e dinheiro.
A mudança de casa como sintoma, manifestação exterior de que alguma coisa mudou nas nossas vidas, para melhor ou por vezes para pior. É certo que uma mudança de casa é quase um ritual de passagem com o qual todos nos identificamos, parece-nos quase uma banalidade. No entanto, uma mudança de casa é sempre uma situação única, não existe uma igual a outra: as casas são diferentes, as pessoas também, e as razões que levam a uma mudança são sempre muito pessoais, e por vezes complexas. Aqui o tempo é quase suspenso, descritivo, cada pequeno gesto é valorizado, num olhar mais próximo menos observacional.
A terceira história centrada em torno do Sr. Pinto, um transportador de móveis, tem já uma dimensão diferente, o objecto temático é mais difuso. Embora a ideia de casa continue a ser o pretexto, quis que a história do Sr. Pinto fosse como a casa de chegada para todas as associações e reflexões sugeridas pelas histórias anteriores. É ele quem resume uma das questões centrais do filme "Vida moderna, não há tempo para nada .... tempos difíceis..." transportando o pretexto da casa para uma dimensão mais ampla a da vida hoje em dia na cidade, o tempo, os sonhos que nunca se realizarão, as mudanças que nunca se farão, a solidão, a morte...
Catarina Mourão