A Portuguesa de Nápoles
A acção decorre, em 1799, durante o reinado de Femando IV que consubstanciava em si a tirania dos Bourbons fixados em Nápoles e que os ingleses habilmente manobravam. Leonor da Fonseca Pimentel, uma nobre de origem portuguesa, mas nascida em Roma, torna-se suspeita aos esbirros da Junta do Estado, que era representado por Pasquale de Limone e Bosca. Em casa de Leonor Pimentel reuniam-se habitualmente poetas, músicos e personalidades salientes na vida literária e elegante de Nápoles. Entre elas achava-se uma figura de prestígio científico no tempo, Spellanzani. A mansão de Leonor mais não era que um centro de conjura.
Ela sabe que os franceses vêm a caminho de Nápoles para socorrer os patriotas que estão contra Fernando IV e faz tudo para os ajudar. Momentos depois é presa pelos espiões da Junta e encarcerada nas prisões da Vicaria. Aqui, o pequeno Mário, que para ela simboliza a Itália do futuro, vem anunciar-lhe que os Bourbons fogem e que o povo está revoltado. Abrem-se as portas das prisões, libertando Leonor Pimentel. De regresso a casa e a partir daí, com o triunfo da revolução e com o apoio dos franceses, Leonor passa a dirigir a sua revista “Il Monitore Napoletano”.
O rei Fernando, ao pôr-se em fuga, manda lançar fogo à esquadra napolitana. Da janela da casa de Leonor os patriotas assistem, indignados, a um tal acto de vandalismo e de vingança.
Contudo, os espiões da Junta que continuam exercendo o seu indigno trabalho, atribuem então as culpas dos acontecimentos a Leonor Pimentel e aos seus adeptos. A multidão, acreditando no que insidiosamente lhe fora inculcado, decide atacar a casa da ‘portuguesinha’, como familiarmente é chamada, tendo essa turba-multa por chefe, Miguel, o Doido.
Segundo a lenda, Leonor faz frente à multidão, saindo ao seu encontro com um extenso grupo de senhoras. Dirige-se ao espião Simone e aos populares que ali se encontram, aponta-lhes o Vesúvio em plena erupção dizendo-lhes que é o símbolo do amor da Pátria. Depois, Leonor Pimentel vai ouvir velhas canções de marinha a bordo de um veleiro português casualmente fundeado na baía. Momentos mais tarde, por entre combates, os patriotas são vencidos pelos partidários de Fernando IV, que volta triunfante a Nápoles. Leonor Pimentel é novamente presa. Condenada à morte pelo terrível Juiz Speciale, é levada para a Praça do Mercado e executada na forca, após o que a multidão dá largas ao seu ódio contra a mulher generosa que a pretendia libertar do jugo dos Bourbons. Anos passados, o Juiz Speciale morre doido, na Sicília, perseguido pelo espectro de Leonor.
(M. Félix Ribeiro in "Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português 1896-1949" - adaptado)